14 de abr. de 2011

MEMÓRIAS DE UM VICIADO


Hoje acordei cedo como de costume , muito diferente de quando usava cocaína , onde geralmente estaria tentando dormir . Tomei meu café , agradeci a Deus por mais uma noite passada em sua presença e pedi por mais um dia que se iniciava !
Sai pra trabalhar as 6 e 30 , cheio de disposição , muito bom  fazer o que toda pessoa normal faz .
Andando com destino ao trabalho encontrei uma cena lamentável , um velho amigo do meu tempo de droga me abordou pedindo dinheiro , contando uma história sem pé nem cabeça (acho que ele se esqueceu que eu fazia o mesmo) que no final vinha a famosa pergunta : me empresta ?
Como eu tantas vezes fiz com outras pessoas , com a tentativa de conseguir mais dinheiro para me drogar . Como fui capaz , a que ponto eu cheguei (pensei), e ainda achava que ninguém percebia meu estado . A que ponto um homem chega por causa de uma droga , 7 horas da manhã , nariz sujo de pó , com bafo de bebida , fedendo a suor , olhos arregalados e vermelhos , um sol queimando e uma historinha ridícula na ponta da língua para tentar ludibriar a quem der ouvidos . Tentei conversar , mas ele queria era o dinheiro e falou logo , que se não iria emprestar , não precisava dar sermão e foi andando . De longe ainda o vi abordando outra pessoa que abriu a carteira e deu algum pra ele .
Me senti pequeno , de mãos atadas por não poder ajudar , confesso que me vi ali a alguns anos  atrás , meu coração apertou no meu peito , deu vontade de voltar e sacudi-lo pra ver se o acordava , mas isso não iria adiantar . Continuei meu caminho , triste por ele , mas alegre por não ser mais eu !

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